Júlia em verso e prosa

Minha filha ainda não sabe, mas o pai dela é um músico frustrado. Frustrado e teimoso. Porque mesmo sem talento para tal, fica inventando de fazer músicas, letras, poesias, essas coisas.

Só que dessa vez não foi culpa minha, juro.

Logo no início da gravidez, um fornecedor lá da agência disse a Kari que fazia música e pensava em gravar um disco em homenagem à bebês, crianças, filhos, algo do gênero (Kari é quem sabe explicar), e pediu que eu fizesse uma letra.

Eu fiz, mas a música nunca apareceu. De duas, uma: ou ele esqueceu, ou ele não chegou a considerar isso como uma letra de música, o que é mais provável.

Enfim, já que não vai virar nada, mesmo, coloco ela aqui como uma homenagem sincera de um pai sem talento, mas cheio de boas intenções. (E saudade também.)


CAJÚ

E antes que eu soubesse você já estava ali
Fazendo parte da minha vida e eu não percebi
E antes que eu soubesse você já estava aqui
Fazendo parte de um mundo que eu ainda nem bem conheci

Você que já chegou sorrindo
Mesmo que eu não possa ver você sorrir
Você que já chegou sonhando
Eu sei porque sonhar é o que importa pra existir

Como será que vou nos encontrar?
Será que você vai entender o meu olhar?
Como será que você vai me conhecer?
Se vai me intimidar ou vai me amanhecer?

E antes que eu soubesse você já estava ali
Fazendo parte da minha vida e eu não percebi
E antes que eu soubesse você já estava aqui
Fazendo parte de um mundo que eu ainda nem bem conheci

O que você pode ter certeza
É que a vida teve mais beleza
Quando a natureza lhe criou
Você que é o dobro de um amor
Como um caju, que é fruto e flor
Deu mais sabor ao mundo onde estou

E antes que eu soubesse você já estava ali
Fazendo parte da minha vida e eu não percebi
E antes que eu soubesse você já estava aqui
Fazendo parte de um mundo que eu ainda nem bem conheci