12 de fevereiro de 2011

Lembranças do dia mais feliz da minha vida

Como é comum no verão da Bahia, saí dia 11 de janeiro à noite para comer caranguejo com a família e na volta, mais ou menos às 23h, tive uma surpresa: recebi o primeiro sinal do trabalho de parto.

Estava radiante, o que eu tanto esperava estava próximo de acontecer e em uma data ótima, visto que Rafa em breve precisaria voltar a São Paulo.

Queria a todo custo ter parto normal, não só por ser um método natural e pela recuperação, mas, confesso que também pela adrenalina: imaginava minha bolsa estourando em plena madrugada e Rafa pegando o carro, louco, cruzando a cidade para me levar ao hospital antes do bebê nascer. (Não é exagero não. Eu moro exatamente do lado oposto ao da maternidade que tive Júlia).

Minha mãe antes de dormir me disse que ficasse atenta a qualquer mudança como contrações, rompimento da bolsa, dilatação, etc e falou que tudo isso poderia demorar um pouco. Eu, óbvio, como mãe de primeira viagem, não sabia ao certo como seriam esses sintomas e juntando com a ansiedade, não consegui dormir nem um minuto.

Passei a noite toda e nada de diferente acontecia até que por volta das 5h da manhã do dia 12 de janeiro, senti uma pequena contração. Aguardei até quase 6h e percebi que ela já ocorria a cada 20 minutos mais ou menos. Acordei Rafa e disse: está chegando a hora.

Em questão de segundos, todos na casa estavam nervosos, menos eu. A contração era tão leve, que não sentia nenhuma dor e no fundo tinha até dúvidas se eram realmente contrações ou se era coisa da minha cabeça.

Liguei para Dr. Allan que me pediu para ir à maternidade que ele já estava indo pra lá. Chegamos por volta das 7h30, fiz o exame de toque e o médico informou que eu realmente estava em trabalho de parto, mas, ainda bem no começo e que tudo poderia levar muitas horas. Ele disse que ia me internar para que eu ficasse bem acomodada e também para evitar o transtorno de atravessar a cidade e voltar pra casa.

Esperamos alguns minutos na recepção até que o quarto fosse liberado e subimos. No caminho passei por várias portas com boas vindas aos bebês que tinham acabado de nascer. Estava começando a ficar eufórica.

Entramos e me acomodei. Dr. Allan informou que sairia para fazer um parto e voltaria por volta do meio dia para ver como estava a evolução, mas, deixou Dra. Maria Luíza nos acompanhando e auxiliando no que fosse necessário. Tudo com muita tranqüilidade e carinho, o que me deixou bastante confortada e tranqüila.

Era 12h quando ele voltou. Fizemos outro exame de toque e não houve evolução das contrações. Também não havia dilatação nem a bolsa tinha rompido. Por isso, Dr. Allan conversou conosco e pediu que começássemos a avaliar a possibilidade de um parto cesárea. Ele informou que também poderia induzir as contrações, mas, que ainda assim não significava que daria certo e que mesmo fazendo isso haveria ainda a possibilidade do parto cesárea. Ele voltaria às 16h30 para uma avaliação final.

Já tínhamos ligado para Tia Ró quando o médico voltou. Ela tinha a mesma opinião que ele, o que nos deixou mais confiantes de que o parto cesárea seria realmente a melhor opção. Como sou muito prática, deixei de lado o meu desejo de parto normal e me concentrei no que tinha mudado: agora passaria por uma cirurgia e tomaria uma anestesia que eu tanto temia. Rezei e pedi a Deus que desse tudo certo e que minha filha viesse com muita saúde. Relaxei e dormi.

O meu quarto era só felicidade. Estava cercada pela família e por amigos. Havia tantas pessoas que algumas vezes recebi reclamação da quantidade de acompanhantes. O quarto 708 nunca tinha recebido tantos visitantes ao mesmo tempo.

Um pouco antes do horário esperado, minha mãe sabiamente pediu que todos se retirassem por alguns minutos para que eu e Rafa ficássemos a sós. Olhamos um pro outro, nos beijamos, choramos e sorrimos. Agora de fato era chegada a hora.

Duas enfermeiras me acompanhariam, além de Rafa e Teresa. Perguntaram se preferia a maca ou a cadeira de rodas e eu disse que iria a pé mesmo. Se eu estava ótima, porque parecer doente, não é?

Despedi-me da família, dei um beijo nos meus pais e disse que em breve voltaria com o nosso bebê. Descemos o elevador.

Chegando na porta que separava as salas de cirurgia, entrei com Teresa e Rafa foi para outra sala se preparar para entrar também. Meu coração disparou.

Fui apresentada a toda equipe médica e ao anestesista que me fez algumas perguntas rápidas enquanto ia preparando a medicação para me dar. Neste momento, ele pediu que sentasse na maca, deixasse a coluna ereta e encostasse o queixo o mais próximo possível dos seios. Teresa olhou pra mim, sorriu e segurou as minhas mãos. Este momento com ela foi tão importante, mas, tão importante e especial que eu só fazia rir. Não sentia medo algum.

O anestesista aplicou a medicação e pediu que eu rapidamente colocasse as pernas em cima da maca, pois, em breve não as sentiria mais. Quando ia colocando a segunda parte do corpo, minhas pernas já estavam bem pesadas. Não sentia mais nada.

Neste momento Rafa entrou na sala. Ele estava visivelmente nervoso e emocionado, mas, forte e feliz ao mesmo tempo. Ele puxou uma cadeira pra ficar perto de mim, me deu um beijo na testa e segurou minha mão. Já Tia Ró que para me deixar ainda mais confiante chegou a tempo foi logo pedindo a máquina fotográfica para registrar todos os momentos, e, quem me conhece sabe o quanto isso era importante pra mim. (Uma tia que além de médica, era pediatra e fotógrafa !!!).

Passaram-se alguns instantes, poucos minutos mesmo até que Dr. Allan falou: “- Pai, venha ver sua filha que está chegando.” Rafa levantou imediatamente, sem nem pensar que poderia ver outras coisas indesejadas, como a minha barriga aberta, por exemplo. E eu nem acreditava que depois de nove meses conheceria a minha pequena.

Às 19h30 do dia 12 de janeiro de 2011 ouvi o chorinho mais lindo do mundo. Um chorinho dengoso, manhoso. Dr. Allan a pegou, colocou por cima do pano que separava a minha cabeça do restante do corpo e eu vi Júlia e ela piscou pra mim. Chorei. Dei a ela as boas vindas ao mundo e pedi a Deus que a abençoasse. Segurei ela de um lado e Rafa do outro.

ERA O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA!!!

3 comentários:

  1. Mamãe, meu amor, que lindo e verdadeiro relato. Aliás,emocionante!!!
    Além do mais era o dia mais felz da vida de vc's, mas nós, bisas, avós, tios, tivós..., tivemos a mesma sensação, um dia muito feliz, e isso se completa no momento que Deus houvio nossas preces, incluindo a sua claro, trazendo para nossas vidas uma criatura tão cheia de saúde e serenidade.
    Jú vc pode não ser amada da forma mais especial que deseja, mas tenha certeza que é com todas as melhores emoções e sentimentos que a natureza nos ensinou a doar.
    Nós te amamos muitooooo!!!

    Bjs

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  2. Em tempo!!!!
    Jú fico tão emocionada quando falo de vc, que até erro meu português, rsrsrsrs
    Felz, quero dizer: feliz;
    houvio, quero dizer: ouviu.
    Mas a intenção é a mesma.. rsrsrsrsr

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  3. Kai

    Você me conhece bem e sabe o quanto eu me emocionei com este seu relato(tradução: chorei muito ... rsrs), principlamente por eu ter tido a felicidade de participar deste momento mais que especial.
    Amo vocês!!!

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